sábado, 22 de junho de 2013

Assédio, exercício para o ego

Um rapaz, no metro, chegou-se ao pé de mim, e pergunto-me como ir para x estação, fui com ele até ao mapa do metro e indique, onde estávamos e para onde ele queria ir, eu próprio ainda tenho dificuldades em me orientar no metro de Londres, agradece-me, olhando-me de cima abaixo, assim que me vou a afastar saiu-se com esta, "só lá tenho de estar as x horas, vamos-nos conhecer?"

quinta-feira, 20 de junho de 2013

al berto

"da paixão ficou o estremecimento de terra nos teus dentes, e a sombra de um nome rasgando o crepúsculo"

quarta-feira, 19 de junho de 2013

perguntaste-me se gostava de ti...

Perguntaste-me se gostava de ti, eu nem me lembro o que respondi,
recordo-me apenas de tudo o que senti e sofri, de todas as vezes que me lembrei de ti, o que fiz por ti,
será que gosto de ti ?

A pergunta impertinente que tanto  nos sufoca, sem necessidade de definição,
o que é gostar de ti? queres mesmo saber o que sinto por ti?

O desassossego constante quando me lembro de ti, as palavras que se congelam perante ti,  o sorriso que só tenho para ti, a corrente que me percorre o corpo e acelera-me o coração, quando te tenho a ti, nos braços,
será que ainda tens duvidas de mim em relação a ti?

De todo o tempo que passou o tempo não apagou o que de ti ficou, ainda sempre que fecho os olhos é a ti que vejo, porque só em ti encontro sossego e só contigo, vislumbro um futuro que não fazia sentido sem ti.

Ainda achas que não gosto de ti ?

Odores matinais

Nem o meu fahrenheit da Dior, consegue abafar certos cheiros matinais que as pessoas libertam, mas esta gente não se lava?

Ó que dor sentir o odor dos corpos suados, e usados de todo o prazer gerado, da noite que passou e que o dia não lavou.

Ó que tristeza a minha que nem o Dior me anima, nesta manhã sufocante de prazer intoxicante.

Hj deu-me para isto.

terça-feira, 18 de junho de 2013

al berto

(...) 

Hoje, sem ti, já não consigo pressentir a sombra magnifica da noite sobre o rio. 

Nada se acende em mim ao escrever-te esta carta.

Só a foz do rio parece guardar a memória de uma fotografia há muito rasgada. O vento, esse, persegue a melancolia dos passos pelas dunas.

É possível que os Verões ainda sejam o que eram com os corpos estendidos ao sol, e a oferenda de um sorriso malicioso a confundir-se com o marulhar das águas.

Mas ninguém possui verdadeiramente alguma coisa. As coisas do mundo pertencem a todos e, sobretudo, a quem aprendeu a nomeá-las. 

E eu já não consigo nomear nada. 

Não me lembro sequer de um nome que resuma o movimento desastroso dos dias.

O teu rosto deixou de se acender na ilusão de te possuir mais uma noite.

Nada evoca esse tempo de frémitos de asas sobre a pele. 

Nenhum rumor do rio sobe até mim. Nenhuma ferida ficou por sarar.

Deixei que os ventos e as chuvas apagassem o desejo no rastro dos répteis incandescentes. 
Sinto-me como a haste quebrada da urze ao abandono nas areias varridas pelo oceano.

Contemplo as dunas, o casario contra a noite que se fecha, as luzes, o rio, as sombras das pessoas, o mar como uma lâmina sob a lua  e a ausência alastra em mim, cortante.

Sento-me onde, dantes, me sentava contigo, (...). 

O que me rodeia move-se no interior surdo de suas próprias sombras. 
É um movimento invisível através de territórios que o olhar mal assinala. 
Concentro a minha atenção nesses lugares que a luz não pode alcançar. 
Lugares escuros onde se escondem receios antigos e desilusões.

Mantenho-me imóvel, tacteio teu rosto diluído na salina claridade do entardecer.
Adormeço ou começo a subir o rio para fugir à imensa noite do mar.

Escreve-me, peço-te, enquanto a tua imagem permanece nítida perto de mim.

Vou prosseguir viagem assim que o dia despontar e o som do teu nome, gota a gota, se insinue junto ao coração.

Al berto, O anjo mudo

LIBERDADE

    Ai que prazer
    não cumprir um dever.
    Ter um livro para ler
    e não o fazer!
    Ler é maçada,
    estudar é nada.
    O sol doira sem literatura.
    O rio corre bem ou mal,
    sem edição original.
    E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
    como tem tempo, não tem pressa...
    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.
    Quanto melhor é quando há bruma.
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!
    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.
    E mais do que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças,
    Nem consta que tivesse biblioteca...

    Fernando Pessoa

sábado, 15 de junho de 2013

banho turco

Acho incrível aqueles homens que lá por estarem num balneário masculino esquecem-se que os outros não têm de ver as suas vergonhas, como se tivéssemos todos no secundário, por algum motivo existe uma politica de uso de toalha nos ginásios.

Se há coisa que gosto no final de um treino é passar uns bons 20 minutos no banho turco, regra geral, entro, encosto-me, fecho os olhos e relaxo, evita que me incomodem com conversas de como foi o futebol, evita também que esperem que participes nas conversas machistas do tipo, "ontem deixei a mulher em casa e fui as meninas" ou ate "já viu aquela instrutora ? parece um jarro, e com aquela idade, aquilo ate dá gosto fazer as aulas".

Hoje uma situação destacou-se, entrei no banho turco e estava um homem em pé, nu, "este também não conhece o conceito do uso da toalha", foi o que logo pensei, dei o "boa tarde", ele lá se mancou olhou-me de cima a baixo e lá  disse "boa tarde" e sentou-se pondo a toalha por cima das pernas, encostei, fechei os olhos e relaxei, sempre que abria os olhos, para ir controlando as horas, lá estava ele a admirar descaradamente, voltava a fechar os olhos e deixei-o ter de mim a única coisa que poderá ter, (tirando o meu repugno, mas esse dou-o com gosto). Ate que oiço movimento, ele esta de pé, de toalha na mão, ao passar por mim, quando se dirige a porta, sussurra um "até logo" ordinário.

Não foi a primeira situação do tipo, já passei por umas piores, o que me incomoda é o facto de ainda existirem pessoas assim, que não sabem controlar a testosterona e pensam que tudo o que mexe é para comer, e que não sabem, acima de tudo, se comportar em sociedade.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

perdido...

Sinto-me perdido como nunca antes me senti, foi preciso chegar a esta idade para me sentir inseguro. 

Dou-me demasiado a quem não me quer e fujo de quem me deseja, escondo os meus medos atrás da minha velha amiga arrogância, que me protege e afasta de tudo e todos, estou sozinho, sempre tive mas nunca antes me incomodou como agora, parece que afinal o monstro precisa de amigos, de ser amado.

Amor esse negado por todas as incertezas e inseguranças que se criaram. Preciso de projectos novos, de pessoas novas, que me façam acreditar que não sou apenas mais um a ocupar espaço neste mundo. 

Quando olho para trás, para o meu "legado" fico feliz por ter melhorado a vida de umas quntas pessoas, que ainda hoje me recebem de braços abertos e sinceros, mas até essas, o tempo e as circunstâncias da vida me foram roubando, quando olho para trás, apenas vejo um muro de fantasias, de um tempo que já não volta, o monstro arrogante que há em mim fez que me afasta-se, e hoje.. bom hoje em dia, sinto-me só, dividido por vários mundos que nunca aceitei como meus, nunca fui uma ovelha que segue o líder, sempre gostei de pensar por mim e isso tornou-se um proscrito, nunca me encaixei no plano geral da sociedade, apesar de ter um emprego certo (tanto quanto é possível nos dias de hoje), com um ordenado acima da media (perante a situação actual), não me encaixo em parte alguma. 

Preciso mudar de vida, abandonar tudo, pessoas fúteis que me rodeiam, bens materiais em demasia, procurar o meu, eu e tentar ser feliz com o tempo que ainda me resta.

Não quero ninguém e quero todos, sinto-me tão longe e tão perto.

thoughts...

if i die, who gonna miss me ?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

silêncios

Já não consigo estar assim contigo, porque o que senti foi real, porque o que te tens vindo a tornar mudou, porque o não saber de ti me incomoda.

Cansado de “xaus” não sentidos, cansado das irónicas constantes que se tornam tão dúbias e que nos afastam.

Gosto de ti, não sei como, nem é preciso definir, o teu afastamento tornou-se aflitivo, não te quero perder.


Hoje estou cinzento como o dia e o teu afastamento mais cinzento o torna, vamos deixar as ironias de parte, e devolve-me o teu sorriso que me alegra tanto.



quinta-feira, 6 de junho de 2013

Anseios

Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

domingo, 2 de junho de 2013

Tanto com tão pouco

Já não me lembrava o que era sentir, chegas-te sem compromisso e sem compromisso te mantens, mas mesmo assim deste-me o que precisava.

Fizeste-me rejubilar o coração, com pequenas demonstrações do teu eu, sem máscaras, vulnerável.

Alguém que se quer, mais e mais.

Sempre tão perto

Oito meses se passaram e parece que te te vejo a cada esquina.

Dezassete anos se passaram desde que entras-te na minha vida, pouco mais tinha que quinze anos, entras-te para ficares, foi pacto silencioso que fizeste e o cumpriste até ao fim.

Custou-me despedir-me de ti, não chorei, e só agora o faço, revoltei-me, reprimi-me e adormeci, adormeci para um sentimento que me corroía o ser.

Deixas-te escrito em mim, pequenas histórias marcadas no meu corpo, que recordo com carinho.
É impossível esquecer-te, sinto a tua falta.

Há oito meses que morres-te e parece que te vejo a cada esquina.