segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Cap + selo de autenticidade

Desde que mudei de local de trabalho, tenho estado em contacto com uma fauna, "ligeiramente" diferente, fauna essa que não me deixa de surpreender diariamente.

Penso que já é de aceitação geral, vermos os selos de autenticidade nos caps, aqueles autocolantes, normalmente prateados ou dourados, que variam de tamanho conforme as marcas, selo esse que tem como objectivo, provar que se trata de um artigo original, comprado na marca, ou representante.

Este pequenos autocolante,  serve também para marcar um "status social" em que, tenho € para dar por um cap, original, que não foi comprado na feira, como que se, as falsificações também já não fossem vendidas com os respectivos selos, mas ok, há que manter a ilusão.

O que vi hoje foi outro nível de malveirice, não só a pessoa em causa tinha o respectivo selo na pala do cap, como se deu ao trabalho de recordar em forma da pala, um plástico aderente, daqueles com que se forra os livros, de forma a cobrir e proteger o autocolante para assim, manter de forma indeterminada o seu "status".

Há que louvar a paciência e a habilidade em trabalhos manuais, apesar que isso não justifique de todo o mau gosto e a falta de estética criada, num objecto que deve ser "da moda".

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Os olhos que vêm tudo

Devo confessar que nunca percebi, a necessidade de usar óculos escuros dentro do metro, sempre considerei uma forma de arrogância das pessoas ou até um sentido de moda exagerado, até o dia em que o começei a fazer.

Quando se vai numa carruagem cheia de pessoas em que o teu espaço pessoal deixa de existir, os óculos tornam-se a tua última barreira, de privacidade, onde te podes proteger sob uns rayban de lentes escuras, onde tnes a liberdade de nao cruzar olhares desconfortáveis e onde podes ver tudo sem ser visto, e assim manteres  o teu espaço pessoal sem ser invadido, e fazeres as ligações visuais que entenderes, sem mais ninguém ter noção disso, retomar o control do que vês e de quem te vê.

A coragem de uns, a vergonha de outros

Passava pouco das 22:30 quando entra na carruagem do metro um rapaz na sua casa dos 20's, com um andar oscilante, uma postura orgulhosa e um sorriso, a medida que ia atravessando a carruagem do metro, ouvia-se risos e comentários a boca pequena, tão típico portugues, sentou-se em uns bancos perto de mim, vinha vistido de calças de ganga azuis escuras, um casaco comprido preto, uns sapatos clássicos, um corte de cabelo curto, unhas pintadas de vermelho, a combinarem com a cor que tinha nos  lábios, pestanas carregadas de preto e umas sombras azuis.

Não deixei de sorrir, e admira-lo pela sua coragem.

A viagem correu sem percalços, uns olhares de lado aqui e ali, uns risos abafados, nada a que ele já de certo não estará habituado, saímos em São Sebastiao, para trocar de linha e ai tudo mudou, um grupo de 5 rapazes, não deviam ter mais de 20 anos, provenientes da linha vermelha, assim que o viram a entrar na plataforma do metro, no sentido inverso, começaram a seguido e a humilha-lo com as típicas bocas, do "és tão linda", "tenho aqui uma prenda para ti" ( agarrados às suas partes genitais, etc etc, o rapaz em causa, e por termos a linha a separarnos, parou em frente deles, começou por ignora-los, por fim, a medida que os insultos se tornavam maiores e mais agressivos, acabou por lhes fazer uns manguitos, este triste espetáculo, durou até a chegada do nosso metro, e mesmo depois de o metro arrancar ainda se via os rapazes a seguir o metro a tentar manter contacto visual com o rapaz e a descarregarem o seu esgoto de barbaridades.

É grave num país que tem uma das constituições mais "tolerantes", ainda existir toda uma nova geração tão ignorante e tão agressiva para com a diferença, e que não tem pudor em se manifestar de uma forma tão agressiva, questiono-me o que poderia ter acontecido senão houvesse uma linha de metro a separar-nos ou se o encontro tivesse sido feito numa das ruas mais escondidas de Lisboa.

Coisas da vida

Toda a vida tenho me visto rodeado por oportunistas, pessoas que criam uma imagem errada de mim e que esperam obter alguma coisa, que em parte não lhes posso dar ou que prefiro não o fazer.
Estamos num meio em que alguns contratos são finalizados na cama e que algumas oportunidades se ganham conforme o desempenho e o desejo sexual.
Não deixo de ser hipócrita, tenho noção que muitas vezes me deixei "usar", mas nunca  prometi o que não estou disposto a dar, nem gosto de alimentar estas transições, acabo por estar numa "win win, situation" em que acabo por ter o que quero sem dar nada em troca.