quarta-feira, 31 de julho de 2013

Gosto de ti

Com mil me deitei e sozinho acordei, corpos usados como sinal de uma adolescência perdida, usados vezes sem conta e ao mesmo tempo tão vazios, um vício de sexo em troca de meros momentos de prazer, fui absorvido por esse marasmo, este repetir sem nada ter, dar sem receber, perdi-me.

Perdi a minha essência o orgulho que tinha em mim a exclusividade que sempre criei, perdia para muitos e de todos muitos poucos ficaram.

E é hoje, como um toxicodependente, que recupero a minha vida, a minha visão deixou de estar turva, e foste tu que o conseguiste. A tua arrogância e exclusividade é um espelho do que fui, e nele, ainda vejo o meu reflexo cada vez mais nítido.

Gosto de ti *

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sem necessidade de defenir

Voltei aquele quarto fechado, aquelas quatro paredes que tanto testemunharam, voltei passado vinte e quatro horas e tudo estava como ficará. No ar ainda se sentia a paixão dos últimos dias, actos inconscientes de puro prazer, sem preocupações, libertos de perdões, actos singulares de paixão demonstrados em cada beijo e abraço, eternamente absorvidos por aquele quarto, aquele mundo só nosso, sem regras, sem definições, onde prevalece apenas a forma pura de sentir.

O quarto hoje encontra-se aberto, a espera do teu regresso, para que uma vez mais se feche e se encha de tudo o que nos une, para que o tempo pare e o mundo a nossa volta desapareça e passemos novamente a sermos, apenas um.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma sombra de mim

Perco-me nas sombras do que já fui, de uma vida cheia de certezas, encontre-me agora como um mero observador, com os anos que passaram, as pessoas que ficaram, as pessoas que vão desaparecendo, de tudo o que construí e destruí de tudo o que fui e a que não voltarei, sou uma sombra que vagueia pela vida, visto ainda por alguns e ainda lembrado por outros, uma sombra cujo sol já não alimenta e que de dia para dia se vai esmurecendo.

Sou uma triste sombra presa entre dois mundos, iludida e desiludida, iluminada ainda por algum brilho tênue, que se perde com cada dia que nasce e cresce com o  erguer de  cada noite.

Noite que se prolonga e me alimenta, um negro de incertezas com cada final de dia.

Escondo-me da luz, capaz de me fazer desaparecer, e dela me mantenho escondido, longe do que fui e do que não voltarei a ser.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

regresso...

É sempre um desconsolo voltar a Portugal, chamem-lhe snobismo se quiserem, tudo começa no voo, escolhi um voo cedo para ver se apanhava o comodista tuga e a sua preguiça mais tempo na cama, e em relação a isso não me enganei, o voo vinha com bastantes lugares livres, mas já no check-in, tive uma bela amostra do espírito tuga, um casal nos seus 60 e muitos com ar de emigrantes daqueles que toda a vida se refugiaram nas comunidades e nunca realmente se integram no país, falava um inglês muito aldrabado, e lá ia dizendo para a mulher, "até a caneta obrigaram a tirar, e tem razão, porque de uma caneta se faz uma arma", seguido de um chorrilho de disparates, protestos e queixas, típico do interno descontente, mas o apogeu foi mesmo no avião durante o voo.

Estava acordado a 28 horas e tinha pensado aproveitar o voo para descansar, depois de ter feito uma maratona nos transportes de Londres, (o 87 para Trafalgar Square, depois o 91 até King's Cross Station, seguido do comboio) até Luton, tive a sorte de apanhar uma portuguesa com duas "amáveis" crianças a quem ela decidiu relembrar palavras e frases para poderem dizer aos avós portugueses, tendo uma delas um jogo electrónico que traduzia de inglês para brasileiro, depois de saturado com a voz robótica, do choro de tão amáveis seres, e de uns tantos encontrões no banco, esperei até o aviso do uso de cinto se desligar, fui ter com o hospedeiro e passei o resto da viagem numa linda fila de 3 bancos só para mim, nesta altura, o voo já parecia uma feira... Lord.... Já só conto os dias para voltar.