sábado, 28 de setembro de 2013

solidão forçada

Visto-me e arrasto-me para fora de casa, o dia já morreu, e o vento da noite acolhe-me.

Vagueio pelas ruas escuras e desertas, que tão bem conheço, ruas que se tornaram uma prisão onde agora me quero perder.

Vagueio sem destino, a minha procura, a procura de algo que já não consigo encontrar, que se perdeu a muito, vivo num mundo cheio de ilusões, um mundo perfeito, simples, tão longe da realidade, onde quando se gosta, gosta e as pessoas sabem demonstra-lo umas as outras.

Vivemos numa era onde conhecemos todos e não conhecemos ninguém, onde os valores se vão perdendo, onde as relações duram dias em vez de meses, anos, onde tudo se move a uma velocidade enorme, onde não se procura conhecer, dá demasiado trabalho, e existem tantas pessoas a nossa volta, é mais fácil procurar uma mais dentro do "sistema", que seja igual a tantas outras, pre-formatada pela sociedade em que vive, que não faça muitas perguntas, que se limite a seguir a corrente.

Acabo por ir ter a outra casa igualmente vazia, esta cheia de recordações e sonhos vividos, que me trouxeram ate aqui, a solidão em que me encontro, não fico nela por muito tempo, acaba sempre por fazer pior, ficarmos presos a um passado.

Mesmo assim não posso deixar de me questionar como cheguei aqui, a este ponto, como se passa de um ídolo para um proscrito, admirado por centenas, e agora esquecido.

Mudei assim tanto ? Deixei-me corroer por um mundo que não era o meu, usei e deixei-me usar, e sempre que o fiz abdiquei de uma parte de mim, dos valores de tudo o que sempre defendi; e hoje, estou rodeado por uns que pensam que sabem muito da vida  e que nada sabem, que usam as pessoas como eu usei em tempos, "estão na idade" penso para mim mesmo, e quem sou eu para apontar o dedo? O karma tem destas coisas.

Gostava de não me preocupar tanto, ser egoísta ao ponto de me desligar de uma serie de pessoas da mesma forma que o fizeram comigo, fizeram-no com uma facilidade impressionante.

O meu defeito acaba por ser a minha virtude, dou-me demasiado as pessoas quando gosto delas, preocupo-me, e tento sempre estar lá por elas, acabam por levar o melhor de mim em troco de nada.

Estou recluso de uma solidão forçada que me esta a corroer aos poucos.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Bom dia!!!!

Hoje acordei de bom humor.

Não sei se é por finalmente ter começado a chover, se é por amanhã haja previsão de trovoada,  ou porque simplesmente posso voltar a vestir casacos, não sei o que é, o outono sempre foi a minha primavera, a chuva o meu conforto e o vento meu amigo.

É a altura em que me visto totalmente de preto onde as pessoas não partilham o mesmo banco comigo, nos transportes públicos, onde a infelicidade dos outros me alimenta.

Hoje sinto-me feliz.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Almost lovers

(...)
I cannot go to the ocean
I cannot drive the streets at night
I cannot wake up in the morning
Without you on my mind
So you're gone and I'm haunted
And I bet you are just fine
Did I make it that easy
To walk right in and out of my life?

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
I should've known you'd bring me heartache
Almost lovers always do

"A Fine Frenzy"

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Quando tu sorris

Sorris, com o teu ar de puto, de olhos vividos, e dentes alinhados, aquele sorriso rasgado que tens (só) para mim, que o tempo não desgasta e mantém; consegues por breves segundos esconder, nessa tua máscara sorridente, todos os teus problemas e angústias, todos os teus dilemas e dramas, toda a tua insegurança.

Tens o mesmo efeito em mim, sempre que vejo esse sorriso, desejo que o tempo pare, para que ele se prolongue  para sempre, levando consigo tudo o que também me consome.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Partilha de vida

Fecho o livro, duas filas á minha frente, uma mulher esganiçada a voz, parece que faz questão de partilhar com todos nós, o que mal lhe vai na vida.

É  um triste espetáculo, um role de lamentos e desejos que vai subindo de tom até absorver tudo o que a rodeia.

Acalmou, parece que a conversa teve a resolução por ela esperada, toda ela agora é serenidade e sorrisos.

Desligou o telemóvel, a paz e o silêncio são novamente reis e senhores.

Volto a abrir o livro.