quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A coragem de uns, a vergonha de outros

Passava pouco das 22:30 quando entra na carruagem do metro um rapaz na sua casa dos 20's, com um andar oscilante, uma postura orgulhosa e um sorriso, a medida que ia atravessando a carruagem do metro, ouvia-se risos e comentários a boca pequena, tão típico portugues, sentou-se em uns bancos perto de mim, vinha vistido de calças de ganga azuis escuras, um casaco comprido preto, uns sapatos clássicos, um corte de cabelo curto, unhas pintadas de vermelho, a combinarem com a cor que tinha nos  lábios, pestanas carregadas de preto e umas sombras azuis.

Não deixei de sorrir, e admira-lo pela sua coragem.

A viagem correu sem percalços, uns olhares de lado aqui e ali, uns risos abafados, nada a que ele já de certo não estará habituado, saímos em São Sebastiao, para trocar de linha e ai tudo mudou, um grupo de 5 rapazes, não deviam ter mais de 20 anos, provenientes da linha vermelha, assim que o viram a entrar na plataforma do metro, no sentido inverso, começaram a seguido e a humilha-lo com as típicas bocas, do "és tão linda", "tenho aqui uma prenda para ti" ( agarrados às suas partes genitais, etc etc, o rapaz em causa, e por termos a linha a separarnos, parou em frente deles, começou por ignora-los, por fim, a medida que os insultos se tornavam maiores e mais agressivos, acabou por lhes fazer uns manguitos, este triste espetáculo, durou até a chegada do nosso metro, e mesmo depois de o metro arrancar ainda se via os rapazes a seguir o metro a tentar manter contacto visual com o rapaz e a descarregarem o seu esgoto de barbaridades.

É grave num país que tem uma das constituições mais "tolerantes", ainda existir toda uma nova geração tão ignorante e tão agressiva para com a diferença, e que não tem pudor em se manifestar de uma forma tão agressiva, questiono-me o que poderia ter acontecido senão houvesse uma linha de metro a separar-nos ou se o encontro tivesse sido feito numa das ruas mais escondidas de Lisboa.

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