sexta-feira, 16 de agosto de 2013

rasgos de sanidade

Sempre preferi viver na fantasia dos meus sonhos do que na realidade com os meus defeitos, sou aquele que se multiplica em milhares de máscaras e não é ninguém, preso a paixões platónicas e amores impossíveis condenados ao sofrimento, sofrimento esse que me mantém vivo nas noites em branco, que me faz fazer sentir.

Também eu me sinto perdido, entre o quer e o poder, entre o que posso ou não posso fazer, sou assombrado por dúvidas, medos que nos incapacitam, que nos fazem recuar, um medo inconsciente do futuro e do sofrimento que poderá vir.

Desejos impossíveis realizados, a procura de preenchimento, corpos usados para me manter vivo, regras quebradas que me alimentam o ego e a vontade de continuar.

Sempre gostei do desafio, conquistar o que não podia ter, para logo depois de o conseguir, fugir, como uma missão realizada, como um prémio conquistado, pronto para a próxima aventura.

Os anos foram-me ensinado a adaptar-me, para conseguir o que queria, mentiras sobre mentiras, enganos de alma, onde me perdi, de onde já não sei se me volto a encontrar.

Sempre fui livre, e por opção deixei-me prender por breves momentos, sempre escolhi por quem e lutei para o conseguir e manter. Há muito tempo que não sei o que é apaixonar-me genuinamente, verdadeiramente por alguém, a inocência perdida que já não se recupera.

Desta vez usei uma máscara mais sincera, mas mesmo assim, ainda não totalmente transparente, não forcei, não procurei, deixei acontecer.

Mais um amor platónico, mas diferente de todos os outros, não te quis prender, nem sufocar, apenas aproveitar o que me ias dando, nunca foi uma obrigação, mas sim uma troca sincera, gostar de ti tanto quanto gostas de mim, e mais não era preciso, tudo o resto eram extras, sem definições, mero prazer sem consequências, sem obrigações.

Algo que se perdeu, sem nenhuma barreira ter sido ultrapassada.

Mesmo assim sufocaste, não se prende por muito tempo um espírito livre, sempre soube disso, daí ter tentado aproveitar ao máximo o que me deste, pois sabia que um dia, mais cedo ou mais tarde, também tu partirias.

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