segunda-feira, 7 de abril de 2014

A minha espera

Toda a minha vida esperei por ti, um esperar triste e solitário, cheio de desvios ao longo do caminho, com a certeza que te encontraria.

Os anos foram passando e o tempo, esse cruel ser, não se esqueceu de mim; em mim, deixou marcado no corpo tudo por o que passei, desde o mais simples riso ao maior desgosto, levou de mim também a esperança de te encontrar; passado todos estes anos apenas a teimosia e o orgulho de ter a certeza que ainda vens, é que me mantém longe do descanso eterno.

Lembro-me no entanto, dos dias em que ainda estavas presente, do tempo em que me ria e em que o meu mundo começava e acabava em ti, lembro-me ainda de quanto era feliz?

 Na realidade, não; transformaste num mero conforto de palavras, que os clichês alimentam, eu já nem me lembro da tua voz, os meses se transformaram em anos, os anos em décadas e assim, com o meu envelhecimento, fui deixando para trás tudo o que ainda me lembrava de ti, já nem as memórias felizes ficaram.

Encontro-me, aqui agora, preso a esta cadeira a olhar o mar, um clichê que nunca esperaria me tornar, a espera de ti, e teimosamente fitando o meu destino até que a morte o reclame.

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